Natal é tempo de perdão? Sinceramente, não!


“Vinde e, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” Isaías 1.18

Assisti ontem, no Jornal Nacional, uma reportagem sobre a importância do perdão. Claro, tudo cientificamente provado (nada espiritual), sobre os efeitos nocivos ao nosso corpo quando alimentamos ira, mágoas, ressentimentos, etc... A cura, diz a repórter, acontece simplesmente com o perdão. E a matéria é encerrada “amarrando” a necessidade do perdão com a época de Natal. Ela pergunta à entrevistada: - quem sabe nesse natal, não é?
Dos muitos e-mails que a gente recebe nessa época, recebi um, não me lembro agora de onde, conclamando que na época do Natal é tempo de perdão, de tolerância, de refletir nos erros e acertos. Todos condicionam à época do Natal o momento de um acerto de contas, e achamos que isso se dá por causa do nascimento de Jesus. Chego a conclusão que é um grande engano, pois todo esse “espírito do Natal” não é por causa de Jesus. Não é por causa dos seus ensinamentos e de seus mandamentos. Se o natal fosse em abril, maio, não haveria essa comoção em se perdoar, buscar o perdão.
No meu último emprego, tivemos essa experiência. Você convive com determinadas pessoas o ano inteiro, inclusive com superiores. E estes, muitas vezes, nem olham pra você ou cumprimenta, dão atenção. Chega então o fim de ano onde os chefes ou alguns imortais “descem” no nível dos mortais, participando de festinhas de confraternização, saindo pelos corredores cumprimentando a todos, num ato, talvez, de descarregar uma consciência pesada ou fazer algo político, ou simplesmente acharem que estão fazendo o bem para si mesmo ou porque todos estão fazendo pega mal nesse momento não fazer o mesmo. Por causa do Natal? Penso que não.
Refletindo sobre isso, concluí que toda vez que algum ciclo estiver por se encerrar, estaremos e ficaremos mais sensíveis. Pelo menos na maioria das pessoas deve ser assim. Alguém que está muito enfermo ou no leito de um hospital, nos últimos dias de vida; aquele que se despede dos amigos, por ir morar em um lugar mais longe; ou aquele outro que ficou muitos anos num emprego e agora vai para outro tendo que se despedir de companheiros antigos; o aluno que vai trocar de escola e deixar os amigos e, como não poderia ser diferente, um ano inteiro que se vai, preparando-se para um novo que vem. Sempre nesse instante, frases do tipo: - desculpem qualquer coisa. Ou, - vocês foram importantes para mim, vão inundar as rodinhas de pessoas, e é o que mais ouvimos nesse tempo.
Geralmente quando um ciclo se encerra, os sensatos fazem uma avaliação e se essa for sincera, apontará para alguns ou muitos problemas que foram gerados dentro dele. E se for ainda mais corajoso vão além, buscando conserto para não entrar num novo ciclo com “pendências” que poderão prejudicá-lo de alguma maneira.
Tudo isso por causa do Natal? Sinceramente não! Como mencionei, se o natal fosse no início do ano, estaríamos vivendo esse clima de qualquer maneira, até porque a maioria da população do mundo não vê o natal com olhar cristão, mas sim um feriado para unir a família (e quem sabe, fazer esse conserto).
Se tivéssemos que relacionar o perdão com alguma época do ano, algum feriado, este com certeza não seria o Natal, mas sim a Páscoa, pois foi com a morte de Jesus que fomos perdoados dos nossos pecados (àqueles que creram e receberam esse sacrifício). Porém, quero aqui convidar meu querido leitor a desvincular esse engano de sua mente.
O perdão não deve acontecer em uma época do ano específica. Àquele que tem que buscar perdão e aquele que precisa conceder o perdão, não deve se preocupar apenas no natal, como se fosse quitar uma dívida acumulada. A preocupação com o perdão deve ser diária, constante. Esse é o sentido que Jesus respondeu a Pedro: ...até 70 vezes 7. O prejuízo para aqueles que esperam um único momento para o conserto do perdão, é o mesmo daqueles que sofreram com uma enfermidade o ano inteiro e num único momento, acham que tomando uma aspirina vão eliminar a dor. A dor pode ser que sim, mas os estragos de um ano inteiro de enfermidade poderão causar marcas que dificilmente serão escondidas ou apagadas. Um coração triste e magoado pode gerar uma raiz de amargura. Uma pessoa amarga é uma forte candidata à prisão da depressão. Uma pessoa em depressão perde a razão de viver. Seus sonhos são sepultados.
E não adianta muito o natal para quem chegou nesse estado quase terminal.
A prática do perdão deve ser diária. O texto acima nos convida a essa busca, pois nossos pecados se tornam brancos como a neve, por causa do perdão e do sacrifício de Jesus em nosso favor.
Meu convite a você é: Faça o conserto que deve ser feito nesse natal, mas inicie um novo ano com uma nova mentalidade de buscar a prática do perdão em todo momento. Sei que é difícil em alguns casos, mas podem ter certeza: É cura para aquele momento. E se isso acontecer o ano todo, que maravilha, um cristão sadio e curado chegará para comemorar o verdadeiro sentido do natal!

Pr. Lucas Ferreira

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